Parassonias

Parassonias são eventos físicos ou sensações indesejáveis que ocorrem durante o sono REM, o sono não REM (NREM) ou as transições do sono (inclusive na transição sono-vigília. Os eventos podem se manifestar como movimentos, comportamentos, emoções, percepções, sonhos ou mesmo atividades do sistema nervoso autonômico.

Os estágios de consciência humana podem ser divididos em vigília, sono REM e sono NREM. Quando dois ou mais destes estágios coexistem, o momento é chamado de estágio de dissociação e as parassonias emergem deste momento de coexistência de estágios de consciência. Geramente ocorre a concomitância de áreas cerebrais em momento de sono e outras em momento de vigília. Durante os estágios de dissociação, as funções cognitivas altamente especializadas ficam diminuídas, mas a função motora é em parte preservada.

A) Despertar confusional: O despertar confusional costuma se manifes- tar a partir dos 2 anos e diminui de frequência a partir dos 5 anos. A prevalência varia de 17,3% entre os 3 e 13 anos,diminuindo para cerca de 3% nos maiores de 15 anos. No despertar confusional, o paciente fica restrito ao leito, senta-se e observa o ambiente de maneira confusa. Se levantar da cama, caracteriza-se um episódio de sonambulismo.

B) Sonambulismo: Em geral inicia-se em escolares e também diminui a prevalência com a idade (40% entre 6 e 16 anos e 4% em adultos). Embora a maioria dos episódios iniciem após um despertar confusional, podem se iniciar já com o paciente levantando-se da cama. Em geral o paciente mostra-se confuso, com fala arrastada e baixa interação com o ambiente. Ações do dia a dia podem ser mimetizadas, mas atenção especial deve ser dada a episódios estereotipados e repetitivos (diagnóstico diferencial com epilepsias). Comportamento inadequado também pode ser observado (como urinar em móveis). O paciente pode acordar durante o episódio ou retornar para a cama e continuar a dormir.

C) Terror noturno: Em geral inicia-se a partir dos 4 anos e diminui de prevalência a partir do início da adoles- cência (6% na infância e 2% na adolescência). Os episódios caracterizam-se por choro acompanhado de grito agudo e sintomas autonômicos (taquicardia, taquipneia, rubor, diaforese, midríase e/ou aumento do tônus muscular). A aparência da criança é de medo intenso e dificilmente se locomoveão. As tentativas de contato com a criança mostram-se inefetivas, podendo prolongar a duração do episódio.

D) Sonilóquio: Os episódios de falar durante o sono podem ocorrer em qualquer estágio do sono, não têm predileção sexual, apresentam associação com desfechos desfavoráveis e não se associam com doenças de base.

E) Enurese: É definida como ao menos 2 episódios de perda urinária involuntária durante a semana, por ao menos 3 meses, durante o sono, em maiores de 5 anos. É classificada como primária se o paciente nunca controlou a urina durante o sono e secundária se controlou por ao menos 6 meses . Os episódios ocorrem pela associação de dificuldade de despertar em resposta à urgência para urinar, aumento do volume urinário noturno e hiperatividade noturna da bexiga. Acomete 15% a 20% das crianças até 5 anos, sendo mais frequente nos meninos. O compo- nente genético é muito importante pois a pre-valência aumenta para 44% quando um dos pais foi afetado na infância e até 77% quando ambos o foram.


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